Reportagem do mundo

Lord Jim O'Neill e Dame Sally Davies no Brasil

Representantes do Governo Britânico querem discutir como combater riscos de infecções resistentes a medicamentos

De 5 a 7 de outubro, os representantes do governo britânico, Lord Jim O’Neill e Dame Sally Davies estarão no Brasil para apresentar em estudos que chamam a atenção para os problemas relacionados à resistência antimicrobiana. Os pesquisadores participarão de encontros com representantes dos governos federal e estaduais no Rio de Janeiro e em Brasília, além de outras instituições como UFRJ, Fiocruz, Anvisa e Fundação Getúlio Vargas.

O objetivo da vinda ao Brasil é alertar autoridades, empresas farmacêuticas e produtores do setor agrícola-pecuário sobre os riscos associados ao aparecimento, à propagação e à contenção da resistência aos medicamentos e conhecer o que é feito no país em termos de pesquisa e de políticas públicas para enfrentar este problema.

A professora e pesquisadora Sally Davies, Conselheira Chefe do Governo Britânico para assuntos de saúde, compara o emergente tema da resistência antimicrobiana às mudanças climáticas. “Mas nos afetará antes das mudanças climáticas se não fizermos algo a respeito. As infecções resistentes a medicamentos são um problema global que pedem uma solução global. Estou ansiosa para visitar o Brasil e discutir como podemos trabalhar juntos”, comenta Davies, que lidera o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido e também é membro do Conselho-Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O economista Jim O’Neill, também conhecido por ter criado em 2001 o termo BRIC para denominar as economias emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, coordena a pesquisa encomendada pelo governo britânico para apurar o custo humano e financeiro dos riscos de infecções resistentes a medicamentos. De acordo com o primeiro relatório publicado em dezembro de 2014, caso não sejam tomadas medidas, essas infecções, até 2050, poderão matar pelo menos 10 milhões de pessoas anualmente, ao custo de 100 trilhões de dólares. Até 2016, o especialista e sua equipe recomendarão um pacote de ações para enfrentar a ameaça crescente da resistência antimicrobiana.

“Acredito que o Brasil possa desempenhar um papel global de liderança ao incluir a resistência antimicrobiana como tópico relevante de discussão em reuniões do G20 e na Assembleia Geral da ONU. Quero conhecer lideranças nacionais para entender como o país pode colaborar no desenvolvimento de novas drogas e métodos de diagnóstico”, afirma Lord O’Neill.

Atualmente, as infecções de superbactérias, associadas a doenças como a tuberculose, matam cerca de 700 mil pessoas por ano ao redor do mundo, ao passo que cânceres matam 8,2 milhões. De acordo com as projeções do estudo de O’Neill, as mortes anuais relacionadas a casos de doenças resistentes a antibióticos poderão chegar em 2050 a 4,7 milhões na Ásia, 4,1 na África e 392 mil na América Latina.

Publicado a 6 October 2015