Reportagem do mundo

Precisamos ouvir as vozes dos jovens, Alta Comissária Britânica Joanna Kuenssberg

Os discursos centraram-se no tema “Jovens e Emprego”. Leia-o na íntegra.

Momento dos discursos

Momento dos discursos sobre "Jovens e Emprego"

Sua Excelência, Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Dra Conceita Sortane,

Distintos Convidados e convidadas,

Fellow British citizens,

Minhas senhoras e Meus senhores,

É um grande prazer recebê-los a todos para juntos celebrarmos o aniversário oficial de Sua Majestade a Rainha Elizabeth. Queremos agradecer o vosso apoio e amizade ao longo deste ano. Fico feliz por ter cá connosco, pela primeira vez, uma intérprete da língua de sinais, quando faltam somente algumas semanas para o Reino Unido acolher a cimeira internacional sobre deficiência em Londres.

Moçambique é um país jovem. O censo do ano passado mostra que a idade média populacional caiu para dezasseis anos. Quase três quartos da população está abaixo dos trinta anos. Agora, um em cada cinco moçambicanos tem entre quinze a vinte e cinco anos. Estas quase seis milhões de pessoas são o futuro. São as vozes que precisamos de ouvir.

Estou particularmente satisfeita por ter tantos jovens aqui connosco esta tarde, incluindo alguns que participaram nos eventos da Commonwealth, em Londres. Existe algo de especial nestes jovens. Esta é a geração que não conheceu a guerra, que tem a melhor educação, tem mais saúde, e a mais conectada de sempre. Esta geração é ambiciosa, quer emprego e quer ajudar as pessoas ao seu redor.

Em Moçambique, o número de pessoas em idade de trabalhar vai mais do que duplicar até 2050. Criar emprego para estas pessoas vai ser um grande desafio para todos nós. Mas, a jovem população em crescimento – a força de trabalho mais dinâmica e produtiva – poderia transformar o futuro de Moçambique.

Nós sabemos que uma crescente porção dos trabalhadores e um crescimento populacional moderado traz o potencial para assegurar a transição demográfica, isto se o potencial produtivo da população em idade activa puder ser concretizado.

Empregos ajudam indivíduos e famílias a saírem da pobreza. Empregos dão dignidade, estatuto e propósito às pessoas, dão autonomia às mulheres e são incentivos efetivos para o planeamento familiar. Como bem disse a Senhora Ministra, os jovens necessitam de educação formal, habilidades e formação. Eles também necessitam de habilidades assim como trabalho em equipa e solução de problemas. É por isso que ao longo deste ano, temos interagido mais com jovens envolvidos nos programas apoiados pelo governo britânico.

Os empregos estão maioritariamente no sector informal, mas com condições precárias. Por isto, a empresa britânica McDermott está a trabalhar com entidades Moçambicanas e o “Engineering Construction Industry Training Board” britânico, sobre as habilidades transferíveis no sector da construção.

A exploração de gás, carvão e outros minerais vai ajudar a aumentar as receitas para investir nos jovens. Contudo, o sector extrativo nunca poderá providenciar mais do que uma fração dos empregos necessários. O país vai precisar de muito mais…Este é um desafio para todos nós.

O governo britânico contribui através do desenvolvimento de programas – de apoio a educação, de formação, de empoderamento económico da mulher, de acesso aos serviços financeiros, e mais. O meu pais é um forte parceiro económico de Moçambique. Nós apoiamos e encorajamos empresas britânicas a virem trabalhar e investir neste belo país com tanto potencial.

Como o Secretário de Estado para o Comércio Internacional, o Senhor Liam Fox, disse a Sua Excelência o Presidente Nyusi em Londres, a nossa agência de crédito à exportação tem grande apetite para apoiar o investimento em Moçambique. O Governo Britânico já tem investimentos nos setores agrícola, energético e de serviços.

Um ambiente de negócios aberto é essencial para acelerar a criação de empregos. Isto quer dizer políticas, regulamentos e procedimentos, infraestruturas e educação. E também a mentalidade. Nós iremos continuar a apoiar este trabalho comum.

E claro, este também é um desafio para o sector privado. É o sector privado que investe e cria os caminhos para os jovens aprenderem, crescerem e inovarem. As mais de 100 empresas no Clube de empresários britânicos, aqui representadas, sabem isto.

Precisamos de construir uma economia diversificada e inclusiva, mais capaz de resistir a choques futuros. Também precisamos de trabalhar juntos com sensibilidade e persistência.

Eu fiz o meu melhor durante o meu mandato, ouvindo os jovens, ouvindo empresários e alinhando as acções do Reino Unido com este foco no futuro. Fiquei tocada com histórias individuais. Por exemplo, o jovem funcionário do Barclays que, quando foi visto numa feira de tecnologia a apresentar um aplicativo que ele havia desenvolvido em seu tempo livre, foi promovido para uma nova equipa no banco.

Ou a ambição da equipa do Parque Nacional de Gorongosa de desenvolver meios de sustento e um interesse pelas ciências naturais por parte dos jovens na zona de tampão da reserva.

Ou a motivação da Clarisse Machanguana – a “point of light” da Commonwealth em Moçambique – e outros jovens que ela inspira.

Eu deixo Moçambique dentro de poucas semanas. Mas irei continuar a acompanhar de longe e torcer para haja mais e muito mais histórias de sucesso para um futuro prospero para este maravilhoso país, trabalhando com as fantásticas equipas do Alto Comissariado, do DFID e do British Council aqui e muitos outros parceiros e amigos.

Muito obrigada.

Publicado a 20 June 2018