Celebração do QBP sob o tema "Empoderamento da Mulher e Rapariga"
Alta Comissária Joanna Kuenssberg acolheu a festa de aniversário de Sua Majestade a Rainha. Eis o discurso proferido perante mais de 300 convidados.
Alta Comissária lendo o seu discurso na celebração do aniversário da Rainha, em Maputo.
“É um grande prazer tê-los todos aqui para celebrar o aniversário oficial de Sua Majestade a Rainha, uma mulher que tem vindo a servir lealmente o seu país por mais de sessenta anos. Queremos agradecer o vosso apoio, a vossa colaboração, ao longo deste ano.
Podem ter notado ao interessante ao chegarem aqui: foram recebidos por três mulheres. Quero assegurar-vos de que não é pelo facto do Reino Unido estar representado por mulheres que eu escolhi falar sobre o bem-estar da mulher. É sim por este assunto ser de extrema importância para Moçambique e para o Reino Unido.
Falo da importância da participação política e social da mulher, o seu papel na economia e em todos os esforços para a paz e segurança. Várias mulheres destacaram-se deixando um contributo significativo na vida pública em Moçambique. Eu tive o privilégio de conhecer algumas delas:
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A Presidente da Assembleia da República e as chefes de bancada.
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A Procuradora Geral da República, a Doutora Beatriz Buchili, que tem um papel crucial no fortalecimento do Estado de direito.
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A Mamã Graça Machel, uma mulher com reputação mundial pelo esforço em prol do empoderamento da mulher.
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A basquetista Clarisse Machanguana e a cantora Neyma, só para mencionar algumas de tantas que são fonte de inspiração, mas menos conhecidas, como a Drucila Meireles, activista moçambicana, que no ano passado foi nomeada pela Rainha Elizabeth uma “Queen’s Young Leader” pelo seu esforço incansável na promoção dos direitos da mulher e criança em Manica.
Ia referir-me ainda a Lucília Xavier, uma jornalista de Nampula que com muita coragem tem denunciado actos de abuso sexual nas escolas moçambicanas.
A educação da rapariga é uma das formas mais eficazes de erradicar a pobreza. Em Moçambique, em média, as raparigas permanecem na escola por pouco mais de dois anos, enquanto os rapazes por quatro. A educação traz benefícios que perduram por muitas gerações, por exemplo:
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Investir na rapariga é investir na família: quando uma rapariga termina a escola secundária, ela reinveste noventa por cento da sua renda na família;
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Investir na rapariga é investir no país: quando mais de dez por cento das raparigas estudam, o PIB do país aumenta em três por cento;
Sinto-me particularmente orgulhosa pela contribuição do Reino Unido na educação em Moçambique. Seja por via do “Girls’ Education Challenge”, ou dos programas de Bolsas de Estudos Chevening e da Commonwealth. Neste momento a Lígia Muthemba, uma estudante de Gaza, igualmente bolseira Chevening, encontra-se no Reino Unido a terminar o Mestrado em Segurança Alimentar e Desenvolvimento. Ela é uma das quatro beneficiárias da bolsa Chevening.
De notar que este ano a maioria dos bolseiros são mulheres. Outras bolseiras proeminentes incluem Ministras actuais e antigas, a Dra Arlete Patel, representante do grupo Spar, e a Dra Ana Namburete, Professora Associada na Universidade de Oxford.
Estima-se que a mulher carrega dois terços da colecta de água no mundo. O Reino Unido também trabalha com parceiros nos sectores da saúde e água e saneamento, eliminando esta tarefa diária. Assim, estamos a melhorar as condições sanitárias nas escolas para ajudar as raparigas a lá permanecerem.
Em Moçambique, apenas doze por cento das pessoas empregadas no sector formal são mulheres. O Governo Britânico apoia a sua inclusão económica. Por exemplo através dos programas MUVA, JOBA e Let’s Work. O MUVA trabalha para assegurar um futuro melhor para jovens mulheres desfavorecidas em zonas urbanas, como ilustra a exposição fotográfica aqui patente.
Quando um país apenas investe numa metade da sua população, limita na mesma proporção o seu potencial económico, a sua criatividade, o seu bem-estar colectivo. As jovens em Moçambique têm o potencial para serem bem-sucedidas, mas enfrentam inúmeras barreiras. Precisam de todos nós e nós precisamos delas. As mulheres também são fundamentais para a paz e a cidadania.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reconhece um papel crucial para as mulheres na agenda da estabilidade e segurança, encorajando uma maior participação destas na resolução de conflitos. Aliado a este tema, quero felicitar Sua Excelência o Presidente da República e o Presidente da Renamo pela coragem e compromisso pessoal em trabalharem juntos com vista a pôr fim ao conflito político-militar. Todos nós aguardamos por uma solução política sustentável e estamos prontos a ajudar no que nos for solicitado. A história mostra a importância de envolver toda a sociedade nos processos da paz.
Este é um momento importante para que homens e mulheres se juntem e trabalhem na preparação para os próximos pleitos eleitorais e na elaboração de manifestos eleitorais inclusivos para uma maior participação nas eleições que se avizinham.
De modo geral, as raparigas e mulheres precisam de liberdade para fazerem as suas escolhas. Escolhas tão simples como: o que estudar, como usar o seu tempo; se, quando e com quem casar, como e onde trabalhar.
Não estou a dizer que o meu país tem todas as respostas sobre a igualdade do género. O nosso Parlamento, eleito na semana passada é o mais diversificado de sempre: dos seiscentos e cinquenta parlamentares, duzentas e oito são deputadas. No entanto, a nossa representação feminina está ainda mais baixa do que Moçambique. Também temos uma diferença salarial entre homens e mulheres em torno de dez por cento. Sabemos que precisamos de trabalhar arduamente para reverter esta situação.
No dia Internacional da Mulher este ano, foi nomeada pela primeira vez a Enviada Especial para a Igualdade do Género. O Reino Unido fez uma escolha muito clara para ampliar as oportunidades para raparigas e mulheres e iremos continuar a apoiar todos aqueles que queiram trabalhar nestas escolhas em Moçambique. Fazendo isto, estaremos a aumentar a segurança e a prosperidade de todos moçambicanos.
Um brindar à saúde de Sua Excelência Filipe Nyusi, Presidente da República de Moçambique e aos progressos contínuos entre os nossos dois países.
Muito obrigada!”